Setenta e seis textos. Um ano e meio. 6300 visitas. 6300 leituras. 6300 click’s. No início julguei que nem um parágrafo iria acabar. Agora já procuro o telefone dos indivíduos do Guiness para lhes apresentar estas contas. “Mas, amigo, o Grouch Marx escreveu quase o quíntuplo disso…” Certo, mas ele não tinha facebook que o distraísse. Mostrem-me um Groucho com quizz’s para fazer mais um texto semanal por escrever e eu mostro-vos um jogador de futebol que diga três fases diferentes por entrevista. Pronto, eu admito, esta colectânea não é assim tão maravilhosa ou grandiosa. Mas é minha. E eu tenho imenso orgulho nela.
Têm noção que se gastarem 8 minutos a ler um texto meu, isso perfaz um total de 10 horas a ler todos estes textos? Sabem o que se podem fazer com 10 horas? Ir a Barcelona. Ir a Madrid e voltar (em excesso de velocidade). Sexo tântrico (Sting style). Acabar o último jogo da Lara Croft (esperem, estou-me a repetir. Este tem o mesmo resultado do anterior). Ver todos os jogos do campeonato em que o Benfica jogou bem. (Flash interviews incluídas). Ler todo o processo do Freeport. (Com as devidas pausas para insultos) E ainda, mais arriscado mas possível, ler o “Expresso” inteiro. (Cadernos não incluídos).
10 horas de literatura que eu escrevi. 10 horas de humor de observação que eu debitei. 10 horas das vossas vidas que eu roubei sem qualquer pudor, respeito ou pontuação acertada. Uns textos saíram melhores que outros, outros com mais piada que uns, mas se eu tivesse escrito tudo da mesma maneira, esta viagem não teria servido para nada. Gosto de me reler e pensar nos milhares de alterações que faria a cada frase. Piadas melhores que podia estar no texto. Ou piadas que me envergonham ou surpreendem por estarem escritas. Verdade seja dita, não me arrependo nem de uma linha. Se isto era um espaço para experiências, não podia ter tido uma melhor Chernobil.
Penso que estas crónicas evoluíram de um “puto engraçado que quer mostrar as suas piadas ao mundo” para “um puto engraçado que usa estes textos como diário/psicólogo/confidente”. Foi essa carga pessoal, que lentamente fui trazendo de mim para o texto, que deu temas, piadas e profundidade ao que dizia. E por cada um deles foi um prazer enorme chegar a um ícone intermitente, divagar sobre ele e receber o vosso feedback. É com prazer e um saboroso sentimento de dever cumprido que olho para este ajuntamento de “observações aparvalhadas” e sorriu. O meu desejo é apenas que vos tenha sido tão divertido lê-los, como a mim trabalhá-los.
A pensar o que seria se isto estivesse encadernado em prateleiras de livrarias,
Guilherme Fonseca