Querem saber a verdade? Joguei no Euromilhões e ganhei. Podia ter ficado um milionário insuportável, execrável, altivo, arrogante, rodeado de beldades femininas numa mansão gigantesca, sem nunca sair da “caminha” o dia todo, mas os 8 euros e 46 cêntimos do meu prémio foram alarvemente gastos num jarro de sangria.
A probabilidade de ganhar o prémio que ganhei, o mais baixo de todos, é de 1 em 39. Como apenas joguei no Euromilhões 3 vezes na minha vida, tenho de jogar outras 36 para voltar a ganhar alguma coisa. Ou seja a minha longevidade como vencedor está a esgotar-se. Ainda mais se pensar que ganhar o jackpot inteiro, o prémio máximo, é uma brincadeira de 1 em 76,275,360 vezes. Ainda acham que ganham? Eu também.
Não sei se será só de mim, mas quando jogo fico convictamente convencido de que vou ganhar. Algum psicólogo que me ajude a compreender isto, porque sou uma pessoa totalmente sã, que preza o seu bom senso, mas quando tenho um talão da santa casa na mão fico estúpido e totalmente convencido de que sou o grande vencedor do jackpot. Fico mesmo cego. Aposto o prémio desta sexta em como isto é verdade!
Deu-me um prazer enorme ir receber o prémio porque pela primeira vez na minha vida fui a uma papelaria receber dinheiro e não deixar lá o meu. É uma sensação agradável, confesso. Gostava que isto acontecesse noutros locais, como as finanças ou a Fnac, mas este jogo de inversão de posições perde a piada quando penso em sítios como uma casa de banho.
A maior soma ganha até hoje foi registada na Irlanda e é nada mais nada menos que 115 436 126€. Quem se riu na altura foi o actual dono do Manchester City, o Sheik Al Fahim, que disse “Pá, isso gasto eu em meias no natal, amigos.” Eu acho que a primeira coisa que fazia depois de ganhar este dinheiro todo era masturbar-me. Sempre estava na cama com um milionário. Depois arranjava alguém para me roer as unhas. Se a actriz Renée Zellweger tem quem lhe assoe o nariz, porque é que não posso dar descanso aos caninos?
No site da Santa Casa é possível inclusive descobrir-se que números e estrelas saem com mais frequência e que chaves já saíram em todas as outras noites de Marisa Cruz decotada. Não sabia deste fenómeno mas muitos jogadores têm aquilo a que chamam de “chave própria”. Aniversários, datas de casamentos, idades ou mesmo números de matrícula, tudo serve para ser a “sua chave”. Desculpem-me, mas a estes indivíduos gosto de dar o nome de “egocêntricos que acham que a vida deles resumida em números dá uma conta milionária”.
Com mais ou menos dinheiro na conta, a verdade é que os Portugueses são dos maiores apostadores no Euromilhões. Há inclusive pessoas que apostam 200 a 300 euros em semanas de jackpot acumulado. Cada um faz o que quer com o dinheiro. Certo, Al Fahim? Mas sinceramente é minha opinião que mais perigoso que dinheiro fácil só mesmo o Binya em jogos para a Liga dos Campeões. Porque a verdade para é que se queremos dinheiro, trabalhamos para isso. Nem que seja a roer unhas.
Arrependido de ter bebido um jarro de Sangria,
Guilherme Barros da Fonseca
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